Convocado às pressas, Rhendrick Resley ganha chance na seleção e revive início com Bernardinho
Uma ligação inesperada mudou a semana de Rhendrick Resley Rosa. O levantador recebeu a notícia assim que desembarcava em São Paulo: Fernando Cachopa, titular da seleção, havia sentido uma lesão na coxa esquerda, e Bernardinho precisava de reforço imediato para os treinos do Brasil antes do Campeonato Mundial, que será disputado entre 12 e 28 de setembro, nas Filipinas.
Com malas ainda em Uberlândia, onde se preparava para defender o Praia Clube, Rhendrick não pensou duas vezes. “O Rubinho me mandou mensagem avisando que eu poderia ser chamado. Logo depois, o Juba me ligou dizendo que eu precisava vir, porque sem levantador não tem como jogar vôlei. Voltei, peguei minhas coisas e corri para o aeroporto de novo”, contou o curitibano de 26 anos.
A convocação às pressas o colocou ao lado de Matheus Brasília, reserva imediato da posição, para comandar os treinos enquanto Cachopa se recupera. Experiente na Superliga, com passagens por Sada Cruzeiro, Minas e Joinville, Rhendrick reencontrou em Saquarema o técnico que marcou sua trajetória. “Comecei no projeto do Bernardinho, aos nove anos. No início eu queria jogar futebol, mas o vôlei foi entrando na minha vida até se tornar tudo para mim. Estar aqui com ele e com jogadores que sempre admirei é um sonho realizado”, afirmou.
O levantador também destacou o impacto da convivência com a comissão técnica. “Todo mundo fala que o Bernardinho é maluco, mas é no bom sentido. Ele sabe cobrar porque enxerga o potencial do atleta. Com ele, o Rubinho e o Fronckowiak, é um trio perfeito”, disse. A estreia nessa nova fase aconteceu no Torneio Memorial Wagner, na Polônia, onde o Brasil enfrentou a seleção anfitriã, além de Argentina e Sérvia.
Para Rhendrick, vestir a camisa verde-amarela é uma oportunidade única. “Há muitos que sonham em estar aqui. Por isso, não posso dar menos que 100%. Quero aprender com o Cachopa e com o Brasília, dois levantadores excepcionais, e sempre que tiver a chance de mostrar meu melhor, vou fazer. A Itália e a Polônia estão um pouco à frente hoje, mas acredito que o Brasil chega às Olimpíadas como favorito”, projetou.
Além da história dentro das quadras, o nome do jogador também chama atenção. Inspirado no guitarrista Jimi Hendrix, ele ganhou uma versão abrasileirada: Rhendrick Resley. “Meus pais queriam que os nomes dos filhos terminassem com som de ‘i’. Veio o ‘Rh’ no início, o ‘ck’ no final, e o sobrenome Resley, que mistura os nomes deles. Sempre gostei muito do meu nome. Na camisa, coloco Resley para carregar a homenagem a eles”, explicou.
Fora do vôlei, o levantador mantém outra paixão herdada do pai, músico: a música. Toca cavaquinho e violão, aprendeu observando a família e costuma publicar vídeos cantando nas redes sociais. “Gosto de tudo um pouco, de blues a pagode. Já me falaram para tentar o The Voice, mas o vôlei sempre foi prioridade. Se eu colocar minhas músicas na academia, o pessoal sai apaixonado ou querendo dormir”, brincou.
Entre bolas e acordes, Rhendrick vive o maior desafio da carreira. De chamado de emergência a peça fundamental nos treinos, ele sabe que o momento é especial. A pergunta que fica é: será que a história escrita às pressas pode se transformar em papel de protagonista no futuro da seleção?



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